Pode um pequeno grupo de pessoas mudar o mundo?

Há pouco mais de cinco anos, acontecia um milagre à escala mundial: em setembro de 2015, todos os 193 países representados nas Nações Unidas aprovaram uma Agenda global para concretização até 2030, com base em 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e cinco pilares (5Ps): Planeta, Pessoas, Prosperidade, Paz e Parcerias. Num consenso sem precedentes, os governos de todo o mundo concordaram num plano, num novo modelo holístico para acabar com a pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar de todos, proteger o ambiente e combater as alterações climáticas. Reconhecendo que nenhum país se poderia gabar de ter já atingido tais alvos, os ODS foram elaborados com metas aplicáveis a qualquer contexto, 169 metas para ser mais exata, em grande parte a pensar nos governos mas a depender profundamente da ação concertada de todos os agentes relevantes da sociedade, sejam empresas, Academia, ONGs, sociedade civil, cada um de nós (mesmo os mais preguiçosos). Uma Agenda para todos, com todos, e com o compromisso de não deixar ninguém para trás.

O entusiasmo e a mobilização crescente da sociedade face aos ODS (vale a pena ver as fantásticas campanhas desenvolvidas neste âmbito) foram contudo embatendo na dura realidade dos relatórios de progresso dos países, sendo que, no início de 2020, nenhuma nação parecia estar no caminho certo para cumprir o prometido (nem os países nórdicos!). E então veio a Covid-19…

Os efeitos nos (mesmo que tímidos) progressos rumo aos ODS levaram um golpe profundo, atirando comunidades e iniciativas para anos de atraso: educação para todos, igualdade de género, fim da fome, e claro saúde de qualidade, parecem agora utopias face à crise económica e social criada pela pandemia.  

Contudo…  nunca o mundo esteve tão no mesmo barco, nunca se ativou tanto a cooperação entre países e setores de atividade, nunca se refletiu tanto na reconstrução, na oportunidade que nos foi dada de fazer diferente, de build back better. A lógica subjacente dos ODS, as suas prioridades e princípios são hoje mais que nunca o melhor plano de recuperação que temos, rumo a sociedades mais resilientes, justas, prósperas e inclusivas. 

Mas vale a pena importar-me com isso? Que diferença posso fazer face a este cenário global e devastador? … Posso fazer a minha parte. E esta não é uma resposta idealista, sonhadora e ingénua. É a única resposta lúcida, racional e realista, a única que de facto resulta se for replicada por todos (ou pelo menos, muitos de nós) – olhar para os recursos, conhecimento, ideias que tenho e ver tudo isso como a peça de puzzle que me foi entregue, sem uma imagem nítida, é verdade… Mas vê-la aqui na minha mão e dar um passo para perceber como se encaixa nas outras que me rodeiam, como é fundamental para proporcionar um serviço ou produto necessário, como é algo que outra pessoa precisa para “fazer acontecer”, como se integra nesta rede de interdependência em que posso, mesmo que na minha escala, tornar o bairro, a comunidade, o setor em que estou inserida numa missão pela qual vale a pena levantar pela manhã. Há ODS e metas para todos e, mais que inventar a roda, é preciso identificar onde já tenho impacto (positivo e negativo) e ser intencional na transformação para melhor. 

É otimismo, sem dúvida, mas um otimismo consciente, este de acreditar que é possível transformar o mundo e por isso afirmamos no nosso nome, que shift happens. Precisamos de ganhar ritmo, é verdade, e talvez por isso faça sentido chamar ao shift um programa de aceleração. E não podemos fazê-lo sozinhos, mas podemos fazê-lo contigo, num pequeno grupo, uma pequena comunidade de empreendedores, de “militantes do futuro”, de shiftmakers. Margaret Mead, uma antropóloga do século passado, deixou-nos uma citação que é das minhas favoritas e que chamo à memória sempre que acho que o impacto que faremos (que já fazemos) é insignificante: “Never doubt that a small group of thoughtful, committed citizens can change the world: indeed, it’s the only thing that ever has.”. Indeed it is… indeed it is.

Junta-te a nós, candidata-te, une esforços em parceria, para encontrarmos e desenvolvermos soluções criativas, mais eficientes, mais inclusivas, mais ágeis para um 2021, para um 2030, para um futuro de que nos orgulhemos!