Considero que a crise é um estado frequente, se não natural, do empreendedor. Talvez por esta razão faça tanto sentido refletir e tecer algumas considerações acerca do tema deste artigo.
Não nos sentimos confortáveis nos momentos de crise, a vontade de desistir tende a permanecer na nossa mente, várias horas, dias, semanas… chegando mesmo à exaustão. Esta crise passa a fazer parte da nossa vida e, naturalmente o empreendedor aprende a viver com ela. Mas a esta vontade de desistir precede, quase sempre, um novo desafio – o de resolver mais uma crise. Este desafio alimenta uma nova ideia, que por sua vez transporta o empreendedor para a sua arte natural, a arte de explicar a sua ideia. E por aqui andamos, neste limbo de ideias, falhanços… É nesta altura que o empreendedor fixa o seu andar, numa crise emocional de identidade, numa crise de ideias, nesta rua estreita e apertada, com chão de calçada solto, numa subida íngreme e com uma placa numa casa velha e amarela a dizer o nome da rua em que está: Rua da crise.
Subindo esta rua, volta uma nova ideia e imaginem o que encontramos novamente? Outra rua com o mesmo nome. Aproveitamos para tirar a selfie, para mais tarde recordar, seja uma derrota ou um sucesso. Queremos relembrar o que aprendemos e quem nos rodeou e suportou na crise.
Observando o comportamento da crise na vida do empreendedor, poderemos resolver acreditar que o empreendedor se dará bem a empreender em momentos de crise. Em última análise esta crise não apareceu subitamente ao empreendedor como apareceu à cidade, ele já andava naquela rua enquanto que a cidade foi transportada para lá. Na cabeça do empreendedor ela apenas ganhou forma, uma forma que provavelmente será menos assustadora do que aquela que o empreendedor a imaginava.
Uma vez que, subitamente a rua se encheu de gente, a comunidade ganha mais força. O sentido de comunidade apura-se em momentos de crise, e o empreendedor que entende esta realidade, decide empreender em comunidade, influenciando a cidade no empreendedorismo social.
Esta crise que vivemos hoje é a oportunidade para os empreendedores da nossa cidade, de facto, empreenderem. É a oportunidade de crescer em equipa, de voltar a ser um, de criar pontes entre aqueles que estão em segurança e os que não estão. A oportunidade de conhecer quem é frágil na cidade e de os proteger. É, sem dúvida, a oportunidade de nos relacionarmos mais, de estarmos mais conectados.
Juntos, empreendemos em tempos de crise.